domingo, 4 de julho de 2010

Árvore

17h32min. O vento frio bate na pele ressecada do velho senhor de cabelos brancos. O vento frio parece passar através da pele até tocar o osso. Ele treme. fRIO. Com o vento vem um cheiro. Um cheiro verde. Sim, cores tem cheiro. Cheiro de verde molhado. Como é bom sentir o verde nas narinas e no pé nu. Ouvir o barulho das folhas caírem no tapete verde. Verde molhado. É, FINALmente em casa.

Aí está ela. A árvore do cheiro verde. Olhando para ela, ele pensa: sempre quis ter uma casa na árvore. Hoje, aos 49 anos tenho o mesmo desejo. Acho que não cresci. Que bom! QUERO ter uma casa na árvore, não uma árvore numa casa. Quero é uma casa na árvore. Em cima dos galhos, como nos filmes. Sabe? Pequenos pedaços de madeiras um junto dos outros, pedaços maiores e menores para diferenciar janelas e portas. Não posso esquecer dos pedaços que ficam no tronco como escada. Poderia até fazer um elevador, mas adoro escalar.
Madeira, farpas, dor... não lembro qual a última vez que entrou uma farpa no meu dedo. Lembro da minha mãe correndo para perguntar o que acontecera e depois; carinhos, beijos... queria uma farpa no meu dedo agora. Queria também a casa na árvore. Chamar amigos, conVERsas... ainda dá tempo. Preciso de madeiras, alguns pregos. Vontade já tenho aqui no bolso esquerdo. Basta eu contar até três. Só isso.

E ali fica pensando, agora, com a mão no queixo passando os dedos em sua barba. Casa na árVOre. Sombra, proteção e alimento. lembro de Coisas boas. pEssoas boas. Eu quero. E sei onde começar. Longe, mas vou devagar. Ninguém espera, mas vou lá. Rindo Num canto fico pensando no dia que vou chegar lá. Com um desejo de um menino de cinco anos e uma vontade de um homem de cinco anos. É, acho que não cresci. Que bom!