segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


Noite

À noite ela olha para o alto e agradece a um ponto luminoso bem distante, que logo desaparece com um barulho motorizado rasgando toda a cor azul escuro. Ela não fica triste pelo tráfego aéreo cobrir seus amigos e familiares. Nem por não poder mais contar todos os pontos luminosos que fazia quando criança deitada num grande tapete verde, um que ficava do lado de fora da casa dos pais.

Agora, ela deita a cabeça em plumas e fica à espera de Morpheus que demora muito. Ela vira para o lado e pega pequenas pílulas para ajudar o caminho do seu sonho. Fecha os olhos e ele vem.

Pela manhã, corre sem tempo para o café e o fim do sonho. Ela crer numa pausa.

Por baixo, o trânsito é muito infernal. Barulhos, suor, dor, atraso...
À tarde, tem que ouvir pessoas. Pessoas são chatas pela manhã e início da tarde ou o tempo todo. Ela não ver a hora de sair dali correndo em busca da noite. Na parede, o relógio marca a mesma hora de ontem sem nenhum atraso. Pilhas novas. Ela corre e entra em seu amontoado de ferro. Sentada, leva suas mãos ao rosto e sorri. Ao tirar as mãos da face leva junto um pouco de saudade que saíra dos olhos cansados, mas rapidamente ela esconde-a nos bolsos.

A maquina é ligada e ela sai para um lugar chamado: lugar algum. Ela fica parada por horas num quadrado pequeno, tão pequeno que toda sua raiva começa a sair ocupando quadrados vizinhos. Ela observa ao seu redor e ver que aquilo contamina a todos. Com pressa coloca a cabeça para fora em busca da brisa e recebe uma corrente de ar com barulhos letrados e não. Todos horríveis. Num piscar de olhos pula de sua armadura e corre sem rumo. Segue com a vista para o alto para ver pontos luminosos e se impressiona mesmo sabendo que são motorizados. Ela pára, deita num cinza frio e tenta contar cada um dos pontos mas, eles se movem rápidos, tão rápidos que ela cansa e apenas observa.

De repente, para sua surpresa, um ponto fica imóvel por mais de um minuto. Como uma criança, sem acreditar, se levanta num salto ajudada pelo vento e aponta para o alto sorrindo. Saudades passeiam pelo seu rosto estacionando em seus lábios. Com os olhos grudados no ponto ela inspira fundo e enche o peito. Com a mão imóvel, e tremula, na direção do brilho que ainda se encontra no mesmo lugar, ela solta um som estranho e alto. Parecia que as palavras estavam soltas em sua boca e saíram de um jeito desordenado. Ela sorri. Baixinho, bem baixinho ela diz: boa noite, pai. Ela abaixa a mão e segue o resto do caminho a pé.

Ao sair, observa o alto para ver se o ponto ainda está lá. E está. Bem no alto. E brilha. Sempre brilha.

Ela chega em sua casa e deita. Parece que seu corpo mal toca o colchão de tão leve que está. Morpheus a abraça. Sem pílulas. À noite continua, ela dorme, sonha e o ponto luminoso apaga.

Apaga?

Boa noite!

domingo, 13 de dezembro de 2009


O que você faria se encontrasse um homem sem cabeça
falando de coisas que você não compreendesse?
Você correria ou bateria um papo com ele sobre filosofia?

Me diga?

O que você faria se encontrasse um homem sem cabeça ali tomando um chá?
Você bateria um papo com ele sobre Nietzsche ou cobraria ingressos para os outros rirem?

Vamos, me diga?

O que você faria se encontrasse um homem sem cabeça com seus amigos
ali, falando de coisas que você pensava que não existisse?
Mas ele está ali falando. Ensinando.
Você mandaria ele calar a boca que não tem ou fugiria para pegar o ultimo trem,
aquele para seu mundo?
Pois é difícil de aceitar certas coisas fora dos seus olhos.

Não há desculpas para fugir pois, ele apenas não tem a cabeça.

Apenas isso.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009